24 fevereiro 2015

EU MESMO, Josh - Parte 2



Repentinamente eu fiquei confuso, preso em meus próprios devaneios - imaginando os dias de sofrimento e os dias em que eu mais precisei dele - isso só pode ser brincadeira de alguém. Uma brincadeira de mal gosto.
- Desculpe, quem é você? - perguntei meio atordoado. Com um semblante que estampava a confusão que eu queria que se esvaísse do meu coração e da minha cabeça há anos.
- Joel Marcos Barenco, você não é Josh Barenco? - o homem transpirava paciência. Olhos profundamente verdes, eu que fosse apenas um mal entendido, mas eu olhei para o seu cabelo e vi que aquilo não era nada do que eu queria que fosse; um mal entendido.
- S-sim! Quer um autógrafo? - Gaguejei porque a vida nos surpreende quando não precisamos mais de tal surpresas. Eu fiquei tentando disfarçar, mas quer saber? NÃO DEU CERTO.
- Filho como assim se eu quero um autógrafo?! Você não sabe quem eu sou? - ele falava de uma forma como se aquilo fosse um escândalo. Eu me virei e percebi que a fila estava gigantesca ainda para autógrafos e concluí, a noite não para. NÃO POR MEU PAI.
- Espere algum tempo na sessão de leitura; veja alguns livro e eu já vou Joel. - Em um tom ríspido respondi.

Durante 2 horas fiquei autografando e recebendo elogios como; "seu livro é tudo que eu sempre reclamei dos meus autores favoritos", "você tem noção do quanto eu chorei com o final?! Você é genial". - mal sabem eles, eu não estava ali - estava preso em um universo só meu, onde meus pensamentos iam bem além onde só a minha mente guardava aquelas lembranças, onde o meu eu era apenas JOSH o garoto do momento naquela noite. Meu pai aqui eu não acredito, justo quando eu faço 18 anos. MINHA NOITE ACABOU.

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Fim da noite de autógrafos. Já era 00h30 tarde para umas crianças que brincavam na calçada da livraria enquanto seus pais em uma cafeteria ao ar livre conversavam. Tomei um analgésico achei que iria precisar, aquela noite seria longa - ou melhor aquela madrugada seria longa - e quando eu virava a esquina da cafeteria 24hrs avistei Joel, sentando com um café na mão e meu livro na outra, folheando-o.
Me aproximei e sentei-me ao seu lado ele me entregou um café - que estava quente por incrível que pareça - fechou o livro e olhou nos meus olhos.
- É incrível como você cresceu meu garoto. Eu me arrependo de ter te deixado no orfanato Mills aos seus 5 meses de vida, eu... - interrompi-lhe a fala que palhaçada era aquela.
- Olha Joel, você não é meu pai nem nunca foi, eu tenho mais cartas na minha gaveta do quarto do que lembranças de você e da mãe. Aliás mãe não, porque em todos esses anos eu me perguntava "que tipo de mãe faria isso com seu filho?". Eu não tive infância por sua culpa e você vem e diz que sente muito e  acha que com um copo de café e comprando meu livro você vai se safar de sofrer o que eu sofri? Você nunca, OLHA BEM, NUNCA, vai saber o que eu sentia quando eu via pela janela famílias passeando, crianças nos ombros de seus pais ou jogando futebol com seu pai. - eu senti minha garganta secar e parei. Eu sinceramente tinha muito o que falar, muito o que desabafar não seria esse o momento em uma esquina de cafeteria qualquer que eu faria isso, além do mais eu estava gritando havia 15 minutos. Enquanto ele chorava.
Eu não aguentei ver aquela cena no nível de raiva que eu estava no momento não me surpreenderia com coisas que eu faria se eu não me retirasse naquele momento e me retirei, virei as costas e caminhei até o carro que comprei com o dinheiro dos livros e do estágio que consegui em uma empresa de WEB DESIGNER, meu sonho sempre foi trabalhar como ILUSTRADOR. - naquela noite eu fui para o orfanato para pegar minhas coisas e ir para a casa que herdei dos meus pais e ao ver a tia Louren desabei a chorar, o paletó azul bebê que eu usava por cima de uma camiseta branca estava sujo de café, naquele momento eu tinha derrubado sem querer quando tropecei a escada subindo para abraça-la. - Ela me consolou, como sempre ela fizera.

Naquela noite eu me deitei no meu costumeiro travesseiro na minha costumeira cama e fiquei pensando - eu tenho lembranças, não posso me olhar no espelho sem olhar para o meu pai - preferia quando ele me parecia o sr. Questão. Era menos deprimente, mas o problema era, onde está minha mãe?
ADORMECI. Aquele dia fora cheio!

7h25 meu despertador desperta e eu instaneamente levanto. Tia Loren está no quarto, eu tomo um susto quando a vejo sentada na minha escrivaninha.
-  O que aconteceu ontem querido? - tia Louren e seu jeito doce sempre - fiquei preocupada, mas não quis incomodar!
- Meu pai apareceu ontem! - exclamei desanimado
- SÉRIO? - aquilo parecia ser um absurdo para tia Louren. Da forma como ela perguntou arregalando os olhos e com aquele costumeiro tom de surpresa misturado com preocupação, eu sempre soube que isso iria acontecer só não esperava ser no dia do meu aniversário e na décima noite de autógrafos que eu participo.
- Aham, tia tenho que me arrumar e ir para minha casa. Acertei tudo com a justiça ontem de manhã e estou me mudando hoje como pode ver já esta tudo empacotado. - ela entendeu rápido e saiu, mas eu percebi que ela não suportaria me ver indo embora.

Depois que tudo estava no carro eu resolvi passar no MC Donald's para comer, afinal eu precisava comer. Assim que eu sai e estava chegando na calçada de casa vejo a uma mulher de salto, formalmente vestida e com cabelos ruívos como os meus. Estacionei e sai do carro, fui chegando perto e vejo que os olhos dela são castanhos claros - menos mal.

Abri o porta-malas e comecei a descarregar tudo no jardim de frente a minha casa. Por ser um bairro tranquilo eu imagino que ninguém me roube. Fingi que não tinha ninguém ali por perto parei e olhei para a casa, grande e luxuosa - no que meus pais trabalharam porque eu me dei bem!

- Comecei a levar as coisas para dentro e quando eu me viro no piso de cima, no meu novo quarto super hiper mega espaçoso e luxuoso, com closet e tudo - vejo aquela mesma mulher refletir no espelho da porta do closet.
Tomei um susto, aquilo não era normal. Que coisa estranha chegava até a arrepiar todos os meus cabelos do corpo, meu Deus o que eu faço? - ficar calmo não era uma opção, a melhor opção era correr e eu corri, horrorizado.
Desci as escadas e a mulher estava na porta meu coração disparou a bater mais forte do que o normal.
- Filho! - aquela voz parecia ser conhecida. Eu estava vivendo um Déjà Vu junto com pânico. Não sei quem é ela, mas ela me da muito medo.

[CONTINUA]


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2 Comentários:

Às 25 de fevereiro de 2015 às 21:29 , Blogger Carol Cristina disse...

Nooossa, e agora? :O #medo
(E que pai, hein? rs)
Bjs
http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

 
Às 26 de fevereiro de 2015 às 13:23 , Blogger Unknown disse...

Em breve haverá novidades amiga! Ou eu twitto ou posto na página no FB. Fique ligada,

Beijos!

 

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