24 abril 2018

A Hora dos Ruminantes, José J. Veiga.



“Considerado o romance mais importante do autor, A hora dos ruminantes conta a história da pequena cidade de Manarairema, que vê a sua rotina alterada por acontecimentos inexplicáveis. Primeiro uma legião de homens, de procedência desconhecida, decide acampar na cidade. Os moradores, temendo represálias e com medo dos visitantes misteriosos, passam a especular sobre a intenção do grupo.Depois, a cidade é tomada por cães, que chegam às dúzias no vilarejo, causando uma inversão de papéis: enquanto os moradores ficam acuados em suas casas, os animais passeiam livremente pela cidade. E, por último, a chegada de centenas de bois completa o quadro alegórico do romance”. | José J. Veiga – Editora Companhia das Letras – 152 Páginas – Ano 2015 – Romance.


A pacata cidadezinha de Manarairema, no interior do país, tem sua paz perturbada quando um grupo de forasteiros se apossa dos arredores da cidade e monta lá um acampamento. Esse é só o primeiro de uma série de estranhos acontecimentos. Após isso, o local é tomado por uma vasta e misteriosa matilha. Quando tudo parece estar voltando aos eixos, uma boiada toma conta da cidade e impede os moradores de retomarem suas vidas normais.

Narrado em terceira pessoa, o romance de Veiga – que por sua extensão poderia até mesmo ser um conto – não pode ser descrito em primeiro lugar com outra característica além de desconfortável. O estranhamento que causa o grupo de pessoas que se instala do outro lado da cidade nos moradores, e é o mesmo que causa em nós, leitores. Eles encaram esses forasteiros com uma curiosidade quase humilde e sua reação diante desse povo é no mínimo interessante.

O livro é dividido em três partes, denominadas “A Chegada”, “O Dia dos Cachorros” e “O Dia dos Bois” (esse último meu favorito, por sinal) que marcam os três grandes acontecimentos que mudarão a vida dos moradores dessa cidade.

Amei a escrita do autor e o retrato realista dos diálogos e das relações humanas. O realismo encontra o fantástico quando nos deparamos com as situações absurdas que vivem os personagens. A descrição dessas situações e das reações das pessoas diante delas soa quase poética, sem perder a fluidez.

Com personagens muito humanos (daqueles que você percebe que conhece mesmo alguém assim), José J. Veiga nos cutuca e incomoda, nos faz refletir sobre relacionamentos, rotina, caos e, é claro, o tempo. Preciso dizer que amei o final da obra. Um parágrafo que vale por ela toda. Mais do que recomendado! E o melhor: dá para ler em uma “sentada”.

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