A Hora dos Ruminantes, José J. Veiga.
“Considerado
o romance mais importante do autor, A hora dos ruminantes conta a história da
pequena cidade de Manarairema, que vê a sua rotina alterada por acontecimentos
inexplicáveis. Primeiro uma legião de homens, de procedência desconhecida,
decide acampar na cidade. Os moradores, temendo represálias e com medo dos
visitantes misteriosos, passam a especular sobre a intenção do grupo.Depois, a
cidade é tomada por cães, que chegam às dúzias no vilarejo, causando uma
inversão de papéis: enquanto os moradores ficam acuados em suas casas, os
animais passeiam livremente pela cidade. E, por último, a chegada de centenas
de bois completa o quadro alegórico do romance”. | José J. Veiga – Editora Companhia
das Letras – 152 Páginas – Ano 2015 – Romance.
A pacata
cidadezinha de Manarairema, no interior do país, tem sua paz perturbada quando
um grupo de forasteiros se apossa dos arredores da cidade e monta lá um
acampamento. Esse é só o primeiro de uma série de estranhos acontecimentos. Após
isso, o local é tomado por uma vasta e misteriosa matilha. Quando tudo parece
estar voltando aos eixos, uma boiada toma conta da cidade e impede os moradores
de retomarem suas vidas normais.
Narrado em
terceira pessoa, o romance de Veiga – que por sua extensão poderia até mesmo
ser um conto – não pode ser descrito em primeiro lugar com outra característica
além de desconfortável. O estranhamento que causa o grupo de pessoas que se
instala do outro lado da cidade nos moradores, e é o mesmo que causa em nós,
leitores. Eles encaram esses forasteiros com uma curiosidade quase humilde e
sua reação diante desse povo é no mínimo interessante.
O livro é
dividido em três partes, denominadas “A Chegada”, “O Dia dos Cachorros” e “O
Dia dos Bois” (esse último meu favorito, por sinal) que marcam os três grandes
acontecimentos que mudarão a vida dos moradores dessa cidade.
Amei a
escrita do autor e o retrato realista dos diálogos e das relações humanas. O
realismo encontra o fantástico quando nos deparamos com as situações absurdas
que vivem os personagens. A descrição dessas situações e das reações das
pessoas diante delas soa quase poética, sem perder a fluidez.
Com
personagens muito humanos (daqueles que você percebe que conhece mesmo alguém
assim), José J. Veiga nos cutuca e incomoda, nos faz refletir sobre
relacionamentos, rotina, caos e, é claro, o tempo. Preciso dizer que amei o
final da obra. Um parágrafo que vale por ela toda. Mais do que recomendado! E o
melhor: dá para ler em uma “sentada”.
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