Tristessa, Jack Kerouac.
"Tristessa é uma junkie decaída, viciada em morfina, que vive na Cidade do México, e por ela se apaixona Jack, o protagonista deste romance, um poeta norte-americano. Publicado pela primeira vez em 1960 e baseado em fatos autobiográficos (em 1955 Kerouac apaixonou-se por uma prostituta índia chamada Esperanza), Tristessa é um belo exemplo da prosa poética do autor. O narrador do livro é todo compaixão ao descrever a sórdida vida de Tristessa, sua inocência corrompida e a peregrinação dos dois e de seus amigos (entre eles Allen Ginsberg) pelo submundo da capital mexicana. Um romance triste, de linguagem pulsante, cheio de ensinamentos budistas e repleto de compaixão pelo sofrimento humano." Tristessa – 112 Páginas – L&PM Pocket – Jack Kerouac – Ano 2006 (Originalmente em 1960).
Jack é um poeta americano que vive na Cidade do México e nutre uma paixão pela colega Tristessa, uma mexicana nativa viciada que sucumbe cada vez mais às drogas.
Temos por Kerouac, nessa novela, um povo mexicano abandonado e marginalizado. A história não se passa nas ricas mansões das novelas e sim nos espaços urbanos símbolos de decadência e pobreza: os guetos, becos e calçadas encardidas.
Seu protagonista - que tem o mesmo nome, pois se trata uma autobiografia - é um jovem americano, poeta, que vive há algum tempo no país vizinho e divide sua realidade com Bull, outro estrangeiro melancólico e viciado, e Tristessa, que vive para e pela morfina.
Acompanhamos, durante as andanças de Jack, suas angústias e preocupações com aquela que dá nome à obra, por quem ele nutre um amor quase platônico, e com quem sabe que não poderá ficar, já que sempre perderia para a heroína, a morfina e para as bolas (tive que pesquisar e pelo que entendi se trata de anfetamina) na preferência da garota.
" [...] Ou ela vai morrer em meus braços ou vão apenas me contar sobre isso."
Esse é meu primeiro Kerouac e apesar de um livro curtíssimo, a leitura não é assim tão fácil, já que o autor derrama seus pensamentos numa espécie de fluxo de consciência. Achei a narrativa bastante poética e viva, visto que estamos imersos ali naquele mundo das drogas, do sexo e, porque não dizer, da sujeira.
Tess vive para isso. E Jack sabe que em algum momento ela sucumbirá. Só resta a ele estar ali então.
Os personagens (além de Tess, Bull e Jack, podemos destacar El Indio e Cruz) estão todos absorvidos por essa sobrevivência sem sentido, vagando de bar em bar, de beco em beco, sempre em busca da próxima dose.
" Porque Tristessa precisa de minha ajuda mas não vai aceitá-la e eu não vou dar - mas, supondo que todos no mundo se dedicassem a ajudar os outros o dia inteiro, por causa de um sonho ou de uma visão de liberdade de eternidade, o mundo não seria então um jardim?"
Está aí um livro que te faz sentir. Pulsar. A melancolia permeia toda a história e nós leitores vamos seguindo Jack e Tristessa, pelas duas partes em que ela é dividida, torcendo o tempo todo para que esses personagens, tão queridos à nós então, rumem para outro destino que não a decadência.
Marcadores: Eduarda Graciano, livros, resenha
10 Comentários:
Oi, Duda!
Não conhecia o autor e nem a obra, mas achei interessante focar nos mexicanos marginalizados. Dificilmente a gente encontra livros abordando isso.
Beijos
Balaio de Babados
Oi Eduarda! Dá pra sentir de longe a melancolia do livro rs não é algo que leria no momento, mas achei bem interessante!
Bjs, Mi
O que tem na nossa estante
Oi Eduarda!
Eu adoro narrativas que usam do fluxo de consciencia. Já li Kerouac (um livro de historias curtas) e gostei da vivacidade da narrativa. A trama desse livro parece interessante e gostei muito dos quotes que você destacou.
Beijos,
Alem da Contracapa
Oi! Realmente a obra mostra uma realidade totalmente diferente das novelas. E só de ler a resenha fiquei triste pela Tristessa e Jack que a ama. Achei o enredo bem original. Bjos ❤
Click Literário
Oi Duda,
Masgente, assisto as novelas do México haha mas nunca li um que se passasse lá e me agrada esse pelo tom da abordagem. E sempre fui curiosa em ler algo do autor, quem sabe esse ano consiga.
Ótima sua resenha!
bjs
Nana - Canto Cultzíneo
Ah, acho que até tem bastante livros... é que não viram best seller. rs
Bjs
É melancólico mesmo. Não recomendo num momento ruim rs
Bjss
Obg Mariana.
Quero ler outras coisas dele tb!
Bjss
É triste mesmo! Bjs
Obg Nana. Leia sim, é muito bom!
Bjss
Postar um comentário
Obrigado pela visita! =] Volte sempre, com certeza teremos novidades quentinhas pra você!
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial