A Redoma de Vidro, Sylvia Plath.
"Dos subúrbios de Boston para uma prestigiosa universidade para moças. Do campus para um estágio em Nova York. O mundo parecia estar se abrindo para Esther Greenwood, entre o trabalho na redação de uma revista feminina e uma intensa vida social. No entanto, um verão aparentemente promissor é o gatilho da crise que levaria a jovem do glamour da Madison Avenue a uma clinica psiquiátrica." A Redoma de Vidro – 280 Páginas – Biblioteca Azul – Sylvia Plath – Ano 2014 (Originalmente em 1963).
Narrado em primeira pessoa, A Redoma de Vidro nos apresenta Esther Greenwood, uma jovem estudante que tem um futuro aparentemente promissor. Sua vida acadêmica é digna de celebração. E, no entanto, em meio à hipocrisia da sociedade glamourosa em que passa a viver, ela se sente sozinha e deprimida.
Sylvia Plath constrói de maneira brilhante uma narrativa (não exatamente linear) que demonstra como acontece a "imersão" de uma pessoa na realidade da depressão. Uso a palavra imersão porque Esther é arrastada para o centro dessa redoma aos poucos, e nós a acompanhamos.
A personagem é extremamente melancólica e já carrega esse traço desde antes de afundar de vez em sua doença. A escrita da autora é tão poética e sublime que chegamos a enxergar alguma beleza na situação. Faz sentido?
Além de todos os sentimentos sorumbáticos, nos tomamos de revolta, com a família dela principalmente, que acredita que a própria Esther é a responsável por sua situação, e que pode sair dela quando tiver vontade. E que tristeza saber que esse tipo de concepção da depressão e de outras doenças psíquicas é tão comum ainda hoje!
"Eu me sentia como um cavalo de corrida num mundo sem pistas de corrida, ou um campeão de futebol na faculdade que de repente tem de encarar Wall Street e um terno-e-gravata, seus dias de glória se resumem a uma tacinha dourada em cima da lareira com uma data gravada como numa lápide."
O fato de ser mulher, ainda que já com os considerados privilégios da época, pesa muito para a protagonista. São nos pequenos detalhes, no "machismo nosso de cada dia", que se solidifica ainda mais o aperto no peito de Esther. A protagonista do livro questiona o lugar da mulher na sociedade da época e tem consciência de que algumas liberdades que tomam com ela só se dão por ela ser mulher. Aí está mais uma tristeza: a gente, em pleno século XXI, ainda se identifica com muitas situações vividas por ela.
É ainda mais deprimente quando se sabe que A Redoma de Vidro é uma espécie de autobiografia, e algumas das situações são reais, tanto que foi lançado primeiramente sob um pseudônimo: Victoria Lucas.
Imagino que vocês saibam como terminou a história da autora, não? Pra afundar um pouquinho mais somos obrigados a saber que Sylvia Plath se suicidou pouco tempo após a publicação desse romance. Sua morte, aos 30 anos de idade, é uma das mais famosas (e pra mim, tristes) no hall da literatura: ela deitou a cabeça no forno (sobre uma toalha) com o gás ligado, após tomar vários remédios, e só foi encontrada na manhã seguinte. E, vejam só vocês, passados 46 anos, seu filho também se suicidou (enforcando-se em sua casa).
Estando consciente desses fatos, a leitura torna-se ainda mais pesada, pois além da história há aquela aura de tragédia que a cerca.
Apesar dos pesares acho esse livro fundamental. É um romance de formação único e traz MUITA reflexão. Recomendo fortemente, mas não posso dizer que recomendo sempre. Meu conselho é: não leia esse livro a menos que esteja totalmente de bem com a vida.
Este livro foi escolhido por conta da chamada Setembro Amarelo, campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio criada pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). O Victor escreveu um artigo no blog sobre essa causa, que você pode acessar clicando aqui.
Imagino que vocês saibam como terminou a história da autora, não? Pra afundar um pouquinho mais somos obrigados a saber que Sylvia Plath se suicidou pouco tempo após a publicação desse romance. Sua morte, aos 30 anos de idade, é uma das mais famosas (e pra mim, tristes) no hall da literatura: ela deitou a cabeça no forno (sobre uma toalha) com o gás ligado, após tomar vários remédios, e só foi encontrada na manhã seguinte. E, vejam só vocês, passados 46 anos, seu filho também se suicidou (enforcando-se em sua casa).
Estando consciente desses fatos, a leitura torna-se ainda mais pesada, pois além da história há aquela aura de tragédia que a cerca.
Apesar dos pesares acho esse livro fundamental. É um romance de formação único e traz MUITA reflexão. Recomendo fortemente, mas não posso dizer que recomendo sempre. Meu conselho é: não leia esse livro a menos que esteja totalmente de bem com a vida.
Este livro foi escolhido por conta da chamada Setembro Amarelo, campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio criada pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). O Victor escreveu um artigo no blog sobre essa causa, que você pode acessar clicando aqui.
Marcadores: Eduarda Graciano, livros, resenha
12 Comentários:
Oi Eduarda!
Eu nunca li nada da Sylva Plath, mas há anos tenho vontade. A sua resenha me deixou ansiosa para ter o livro em mãos. Gosto de histórias assim intensas (a melancolia e a angustia me atraem em livros hehe).
Beijos,
alemdacontracapa.blogspot.com
Oi Eduarda que resenha excelente! Adorei! Parece ser uma obra densa, do tipo que realmente precisa estar num momento ideal de leitura. Eu não conhecia, mas parece ótimo.
Bjs, Mi
O que tem na nossa estante
Eu só li esse também, que é o único romance da autora... e a escrita é maravilhosa! Preciso ler outras coisas dela... também gosto muito de coisas melancólicas e tristes, só que é o que eu disse né... tem que se garantir na alegria kkkk senão dá crise rsrs
Bjsss!
Obrigada, Mi!
É ótimo sim! Vale a pena!
Bjss
Oi, Eduarda!
Eu fiquei sabendo desse livro por causa de outro livro e já adicionei ele na lista de leitura. Acho o assunto abordado muito importante para discussões. Pior de tudo é que quase uma autobiografia ne?
Beijos
Balaio de Babados
Participe do sorteio de aniversário do Balaio de Babados e O que tem na nossa estante
Olá Eduarda;
Casos como o da Esther é tão comum, mas não deveria. Acharem que entramos em depressão porquê queremos. Por conhecer o problema d perto é um livro que me chama muito a atenção, mas não sei se vivo num bom momento para ler, mas com certeza vai para minha lista de desejos.
Beijos.
https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/
Oi Eduarda, tudo bem?
Não conhecia o livro, mas fiquei bem interessada pelo conteúdo. Pelo visto tem um conteúdo bem bacana, apesar de tenso, necessário. Espero ter oportunidade de lê-lo um dia.
Beijos
www.lendoeapreciando.com
Eu concordo com você amplamente em relação a adjetivar a escrita da Sylvia como poética e sublime! Adorei sua resenha, fez juz ao livro.
Jaci
Uma Pandora e Sua Caixa
Sim... é praticamente uma autobiografia. Mas a forma como a autora se matou é ainda mais trágica né?
Bjss
Tem que estar bem da cabeça! hehehe
Mas vale a pena.
Bjsss
Espero que sim, Kamilla. Vale a pena!
bjss
Obrigada, Jaci!
Beijooos
Postar um comentário
Obrigado pela visita! =] Volte sempre, com certeza teremos novidades quentinhas pra você!
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial