É claro que a louca por Jane Austen
aqui não ia deixar passar batida essa “adaptação” da Rede Globo. Coloco em
aspas porque trata-se que fique claro, de uma novela “inspirada” em seis histórias
da Jane: Orgulho e Preconceito, Emma, Razão e Sensibilidade, Mansfield Park, A
Abadia de Northanger e Lady Susan.
(Ficou confuso? Aqui
tem um post da autora Moira Bianchi explicando quem é quem nessa salada.
Já vou deixar claro que não gosto de
novelas. É um gosto pessoal. Acho novelas melodramáticas, muito arrastadas (a
maioria podia ter metade da duração) e quase sempre rendidas ao fanservice, o que eu detesto. Claro que
como toda brasileira, cresci vendo novelas, e o fato de não gostar do formato não
significa que de vez em quando eu não dê uma espiada em uma ou outra. De
qualquer forma, sempre que começo uma, acabo reafirmando a mim mesma que
novelas não são pra mim.
Mas eis que no segundo semestre do ano
passado descobri que vinha por aí uma novela que eu seria obrigada a
acompanhar!
Um crossover
de seis histórias da Jane num formato no mínimo duvidoso (haja vista que as novelas
são consideradas produto cultural inferior) serviu pra deixar muito fã de
cabelo em pé! A frase “Jane Austen está se revirando no túmulo” nunca foi tão
repetida desde o lançamento de Orgulho e Preconceito e Zumbis - o livro, porque
o filme a maioria deu o braço a torcer e acabou achando engraçadinho (não foi
meu caso).
Mas vamos a mais nova versão de (principalmente)
Orgulho e Preconceito, com todas as mudanças convenientes e, por que não dizer,
necessárias ao formato, ao país e ao público.
O plot
principal da trama segue sendo a mãe desesperada para casar suas cinco filhas.
Vera Holtz dá vida a uma Sra. Bennet ainda mais dramática do que achamos ser
possível. Suas meninas, Elisabeta (ninguém se conformou não gente, mas aceita
que dói menos), Jane, Mariana, Cecília e Lídia, têm personalidades bem
diferentes, mas todas de certa forma sonham com um amor. Elas são vividas,
respectivamente, por Nathalia Dill (minha musa, fui eu que pedi sim!), Pâmela
Tomé, Chandelly Braz, Anaju Dorigon e Bruna Griphao.
O personagem de
escalação mais aguardada não poderia deixar de ser o mocinho austeniano mais
famoso, marcado principalmente pelas interpretações de Colin Firth e Matthew
Macfadyen. Agora... Se no mundo austeniano a briga “quem é o melhor Darcy” já é
forte, imaginem o frisson que não ia
causar um Darcy tupiniquim. Eis que Thiago Lacerda (com 40 anos hoje) foi
escolhido para o papel e divide opiniões por diversos motivos: as crushadas no Matteo, no Giuseppe
Garibaldi e no Capitão Rodrigo certamente babaram, mas tem sempre aquelas que o
acham “muito velho” (tenham dó, o Colin não era nenhum mocinho quando fez o Sr.
Darcy) ou que não gostam de seu trabalho. Até dos muitos sorrisos do personagem
já reclamaram.
Mas e o ódio que já está sendo
destilado para o lado de Orgulho e Paixão como um todo? De onde vem?
Em primeiro lugar queria dizer que
nós, as janeites, já estamos sendo chamadas de “talifãs” pela internet afora
porque existe uma discussão massiva sobre essa “adaptação” e até mesmo boicotes
e protestos. Mesmo existindo os fãs puristas que abominam qualquer adaptação, o
problema para as fãs, dessa vez, está no país. Que presunção trazer O&P pro
Brasil, né?
Em 2015 Gabriel Sater e Lucy Alves
(esta coincidentemente cantando a música de abertura da novela) protagonizaram Nuvem
de Lágrimas, um musical baseado em Orgulho e Preconceito embalado somente por
músicas do Chitãozinho & Xororó, e é claro que antes de estrear a produção
já parecia ter mais haters do que
Hitler e Bin Laden juntos. Eu, é claro, fui conferir e só posso dizer que saí
com os olhos cheios d’água... Como alguém pode pensar que Darcy e Lizzie
embalados por Evidências dariam errado? haha
Voltando à novela, minhas primeiras
impressões (sabiam que esse era o título original de Orgulho e Preconceito?)
foram mais ou menos o que imaginei: as chamadas mostraram de cara muito drama e
interpretações exageradas, às vezes muito teatrais, mas mesmo assim não consigo
não estar com as expectativas lá em cima. Em primeiro lugar: é Jane Austen! E
em segundo lugar vários casais pra shippar (inclusive aqueles que nada têm a
ver com o universo da autora).
Eu posso até não gostar da novela - e
isso eu conto quando acabar, mas sempre defenderei o direito de adaptarem! Adaptação/inspiração,
tá aí pra isso mesmo: pra tirarmos histórias de outras histórias.
E uma história protagonizada por seis
fortes mulheres é exatamente o que precisávamos agora. Acredito que Orgulho e
Paixão dará, de forma ainda menos sutil do que Jane, uma amostra de
empoderamento que vem no melhor momento possível, que é quando o feminismo está
mais em alta do que nunca.
Além disso, pelo que pudemos espiar até
agora a fotografia está de tirar o fôlego e juntamente com as cores utilizadas
(principalmente nos figurinos das protagonistas), contribui para uma trama
extremamente alegre e vivaz. Algo me diz que essa novela será o “frescor das
18h”, um entretenimento para nos fazer sorrir, sonhar e nos distrair. Se vem
calcada em Jane Austen, tanto melhor, porque talvez seja o início da história
de alguém com essa escritora maravilhosa!
Às vezes parece que as janeites não
querem dividir a autora com mais ninguém. Que egoísmo é esse? Aliás, que
preconceito é esse? Parece até que não tiraram nenhuma lição do livro. Eu quero
mais é espalhar Jane Austen! Pode vir uma adaptação por ano, em qualquer
formato e com quaisquer mudanças – por mais que se afastem da obra original em
seu decorrer – que é ótimo. Vocês precisam colocar na cabeça que simplesmente
não existe “estragar o livro”, porque no livro ninguém vai mexer.
É disso que precisamos agora: Menos
preconceito e mais paixão! Quanto mais Jane Austen melhor!
Fonte de imagens: Rede Globo
Marcadores: Eduarda Graciano